Paisagem Urbana
(M. I. Carpi)
Existirá um ser, ainda humano,
nesta guerra cotidiana —
ainda assim, talvez
por isso mesmo, humana?
No silêncio prolongado,
nas palavras engasgadas
e no repúdio calado
da violência civil?
Ou no suicídio lento
dos bastidores esquecidos,
numa guerra diferente
onde só restam vencidos?
Uma guerra em que os seres (apenas seres),
estranhados em si mesmos,
deixam traços embrutecidos
registrados em cada muro
da paisagem urbana,
onde a razão humana
aos poucos, se perdeu?
■■ M. I. Carpi
■ Leitura Poética — “Paisagem Urbana”
Em “Paisagem Urbana”, Maria Inês Carpi conduz o olhar para o
cenário onde a humanidade parece se perder de si mesma. O
poema é quase uma elegia ao ser contemporâneo — um retrato do
homem cercado de concreto, saturado de ruídos e isolado na
multidão.
O ritmo, entrecortado e reflexivo, faz ecoar a respiração cansada
das cidades. Cada verso é uma pergunta suspensa, uma tentativa
de encontrar, entre o silêncio e o asfalto, o que ainda resta de
humano.
A guerra cotidiana a que a poeta se refere não é feita de armas,
mas de ausências: o esquecimento, o conformismo, a pressa. Nessa
paisagem, a alma se torna invisível — e, no entanto, é ali, entre os
muros marcados e os olhares perdidos, que a poesia insiste em
existir.
Paisagem Urbana é, ao mesmo tempo, denúncia e lamento. Um
chamado para que o leitor reconheça, no espelho dos versos, o
próprio reflexo fragmentado — e, talvez, reencontre, no meio da
névoa, o sentido de ser humano.
Leitura poética e Imagem criada por IA

Comentários
Postar um comentário