Silêncio
Quando a noite tece seu bordado de estrelas, e a lua formosa derrama sua luz sobre o mundo, meu peito aperta-se na vastidão do silêncio, que invade cada canto.
Quero abrir as janelas…
Mas o canto dos grilos explode em sinfonia ensurdecedora.
Quero sair para espiar o céu…
Mas a escuridão me assusta.
O farfalhar das folhagens dos arbustos parece murmurar segredos — ou assombrações.
E a chuva, quando cai forte, vem como nos filmes de suspense, congelando meus passos no vazio da noite fria…
Então, lembro-me das luzes da cidade grande.
Nada me assustava outrora:
Carros barulhentos, motos, ônibus, metrô;
Gente limpando calçadas à meia-noite;
Meninos e meninas chegando das festas, em algazarra, como passarinhos, uma, duas, três horas da madrugada.
Tudo era vida, tudo era normal.
As pessoas saindo para o supermercado à meia-noite, o cinema, as baladas, o burburinho que me fazia sentir em casa, mesmo estando só.
Nunca senti medo.
Mesmo dirigindo sozinha, voltando das faculdades, das reuniões, das festas… nunca.
Mas agora… um gato salta do telhado: miau!
E o coração recorda a vida que passava em bandos, a alegria que se esparramava sob minha janela, do décimo terceiro andar do apartamento.
Respiro.
Fecho os olhos.
Melhor tentar dormir.
Melhor mesmo é fazer uma oração.
Boa noite.
MIC
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