Pular para o conteúdo principal

Silêncio

Silêncio

Quando a noite tece seu bordado de estrelas, e a lua formosa derrama sua luz sobre o mundo, meu peito aperta-se na vastidão do silêncio, que invade cada canto.

Quero abrir as janelas…
Mas o canto dos grilos explode em sinfonia ensurdecedora.
Quero sair para espiar o céu…
Mas a escuridão me assusta.
O farfalhar das folhagens dos arbustos parece murmurar segredos — ou assombrações.
E a chuva, quando cai forte, vem como nos filmes de suspense, congelando meus passos no vazio da noite fria…

Então, lembro-me das luzes da cidade grande.
Nada me assustava outrora:
Carros barulhentos, motos, ônibus, metrô;
Gente limpando calçadas à meia-noite;
Meninos e meninas chegando das festas, em algazarra, como passarinhos, uma, duas, três horas da madrugada.

Tudo era vida, tudo era normal.
As pessoas saindo para o supermercado à meia-noite, o cinema, as baladas, o burburinho que me fazia sentir em casa, mesmo estando só.
Nunca senti medo.
Mesmo dirigindo sozinha, voltando das faculdades, das reuniões, das festas… nunca.

Mas agora… um gato salta do telhado: miau!

E o coração recorda a vida que passava em bandos, a alegria que se esparramava sob minha janela, do décimo terceiro andar do apartamento.

Respiro.
Fecho os olhos.
Melhor tentar dormir.
Melhor mesmo é fazer uma oração.

Boa noite.

MIC

0

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas e Memórias

 

Metáfora

Metáfora Em Metáfora, a autora revela o cerne de sua escrita: a capacidade de ver o invisível, de nomear o indizível. O poema é um espelho da própria arte poética — um exercício de transfiguração, onde o real se veste de símbolo e o sentimento ganha forma de imagem. A metáfora, para a poeta, não é apenas um recurso da palavra, mas um modo de existir. Ela traduz a alma — transforma o cotidiano em poesia, o silêncio em sentido. É como se cada verso fosse uma ponte entre o que se vive e o que se sonha, entre a dor e o consolo. Nesse espaço simbólico, o eu lírico se torna universal. O que era pessoal se amplia; o íntimo ganha voz coletiva. Assim, Metáfora não fala apenas sobre escrever, mas sobre sobreviver — sobre continuar nomeando o mundo, mesmo quando ele parece em ruínas. É o gesto da poeta madura: transformar o tempo em palavra, e a palavra, em permanência. Análise poética  por IA Metáfora  Muitas vezes sou mulher outras, eu sou menina. Às vezes sou metáfora outras tantas, m...

Desencanto